quinta-feira, 5 de março de 2015

What the exchange taught me

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Everybody who have studied abroad to whom I asked for advice before I went to Groningen agreed in one point: doing an exchange is something that teaches lots of things.

To me, personally, taught to see the world and the persons in it in a very different way, much closer, much more concrete, much more marvellous; the world became smaller and bigger at the same time. Smaller because I had contact with things and people that were very far away before, and now I feel them close. Bigger because I thought I knew things before, but now that I really know more I realized for real the world has so many things to be seen and discovered and known, and I feel ashamed of the times when I arrogantly assumed I knew shit; we all know so little, and we are equal in our ignorance.

It taught me also one or two things about what does it mean to enjoy life. Is it true that we have to do expensive stuff or grand stuff or nice-to-post-to-facebook stuff to feel we are having a life worth living? Or, instead, the best moments were those when we were with people we like, talking, exchanging ideas, simply building connections with other human beings? This question is tough, and I haven't been able to digest it trough yet. When I tell my friends how many countries I visited during my stay in Europe, I feel that they think (or I project on them what I internally think myself - and in the end it doesn't really matter, either way it is something I have to overcome as a person) I haven't enjoyed fully, but how to make them understand how PRECIOUS were the days and nights I spent with my friends?

Still on the same topic, the year that passed made think and rethink a lot of things about the future, about carrer, money, success. What is the point after which we should stop having the discipline to do something we don't like but that will bring us good things in the future and start doing more stuff now that brings us good things now? Is there a middle way that allows us to conciliate present and future? I don't mean that we should surrender ourselves to mundane pleasures and fuck our health by doing so, but doesn't it make sense to think that an experience we have today will change us in such a way we will see the world and our subsequent experiences differently? Thinking like that, living the now and searching for new sensations is not recklessness, it is actually a long-term investment.

But I had not become a hippie, because the exchange also taught me that what makes lying in your bed and reading a book at night soooo good is the sensation of having had a productive day, and therefore not having the guilt of procrastination looming over your head.

The exchange put me in touch with people I would have never met otherwise. Many of those people became special, to the point of making me realize that they, before being "people I met during exchange", are simply "people". The friendships I built this year are not souvenirs from my trip to Europe, they are consequence of the impact I had on the lives of the people that had impact in my life. And even though I think this is one of the most important points I wanted to cover, I can't explain better.

What the exchange in Groningen did not teach me was how to handle this emotional luggage, this whole connection I have with the people I met and loved. Last year, when I was going, I had no idea whatsoever of how painful a simple "I miss you" could be, when you are not in the range of a hug, when you can't just go downstairs to be close again. It is confusing, but this "missing" and nostalgia feelings can be felt almost as physical pain.

Maybe that is the last lesson from the exchange, the fact that some things we don't understand and never learn how to handle. The pain of splitting is the price to pay for the privilege of bonding.

O que o intercâmbio me ensinou

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Todo mundo que fez intercâmbio a quem recorri para pedir conselhos e ajuda, antes de ir a Groningen, concordou: intercâmbio é algo que te ensina muitas coisas.

Para mim, pessoalmente, ensinou a ver o mundo e as pessoas que estão nele de um jeito muito diferente, muito mais próximo, muito mais concreto, muito mais maravilhoso; o mundo ficou menor e maior ao mesmo tempo. Menor porque tive contato com coisas e pessoas que estavam antes muito longe, e agora os sinto muito perto. Maior porque antes eu achava que conhecia coisas, mas agora que conheço mais só me dei mais conta de que tem muita coisa mundo afora pra ser vista e descoberta e conhecida, e me sinto muito envergonhado das vezes em que arrogantemente achei saber alguma coisa; todos sabemos muito pouco, e somos todos iguais na nossa ignorância.

Ensinou também uma coisa ou duas a respeito do que significa aproveitar o nosso tempo de vida. Será que temos que fazer coisas caras ou coisas grandiosas ou coisas que ficam bonitas no Facebook para sentirmos que estamos aproveitando nossa vida? Ou será que os melhores momentos foram aqueles em que estávamos com pessoas de que gostamos, conversando, trocando ideias, simplesmente construindo laços e conexões com outros seres humanos? Essa é bem difícil, e eu ainda não digeri. Quando digo para meus amigos quantos países eu visitei, sinto que eles pensam (ou projeto neles aquilo que internamente eu mesmo penso, o que de certa forma dá na mesma - o que tenho que superar é tanto externo quanto interno) que não aproveitei o suficiente, mas como fazê-los entender o quão PRECIOSOS foram os dias e noites que passei com meus amigos?

Ainda no mesmo tópico, o ano que passou me fez pensar e repensar muitas coisas a respeito do futuro, de carreira, de dinheiro, de sucesso. A partir de qual ponto devemos parar de ter disciplina para fazer algo que não gostamos mas que vai nos fazer bem no futuro e começar a fazer mais coisas agora que nos fazem bem agora? Será que não existe um caminho do meio pelo qual é possível conciliar futuro e presente? Não que devamos nos entregar aos prazeres mundanos e acabar com nossa saúde, mas não faz sentido pensar que uma experiência que tivermos hoje vai nos modelar de forma que enxergaremos o mundo e as experiências subsequentes diferentemente? Pensando assim, viver no agora e buscar novas sensações não é irresponsabilidade, é um investimento intelectual de longo prazo.

Mas não virei hippie, porque o intercâmbio também me ensinou que o que faz ler um livro antes de dormir tããão bom é a sensação de que se teve um dia produtivo, e consequente ausência de culpa.

O intercâmbio me botou em contato com pessoas que eu nunca encontraria de outra forma. Muitas dessas pessoas se tornaram especiais, a ponto de me fazer entender que elas, antes de serem "pessoas que eu conheci no intercâmbio", são simplesmente "pessoas". As amizades que fiz esse ano não são souvenirs da minha ida pra Europa, são consequência do impacto que tive na vida das pessoas que tiveram impacto na minha vida. E por mais que eu ache isso de extrema importancia, não consigo explicar melhor.

O que o intercâmbio não me ensinou foi a lidar com toda essa bagagem emocional, com toda essa conexão que fiz com as pessoas que conheci e amei. Ano passado, quando estava indo, eu não fazia ideia do quão doloroso um "I miss you" pode ser, quando não se está a poucos quilômetros de um abraço, quando não basta descer as escadas para se estar perto de novo. É confuso, mas saudade e nostalgia podem ser sentidas quase como uma dor física.

Talvez essa seja a última lição do intercâmbio, a de que algumas coisas a gente não entende e não lida mesmo. A dor da separação é o preço a se pagar pelo privilégio de ter se conectado.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Future

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Happy New Year, passangers of this crazy spaceship I named Flying Dutchman! The events on batavian lands keep going the same track as usual: make me learn a lot, make me re-learn a lot, and most of all keep showing me that the set of things I know is countable, while the set of things I don't know... this one is uncountable, and infinite in ways that would make the Real Numbers Set jealous.

I haven't written as much as I imagined I would have at first. The reason is not lack of topics, actually the stack of topics about which I would like to talk about is always getting higher and higher, much faster than my typing skills would allow me to write. The reason is that a topic in particular have been poping up in my mind much more frequently than any other, and it is about that that I want to talk now.

What do you want for your life? I am sorry I ask this question like that, without preparation, but I couldn't think in any way to soften the impact. And it is like that the question comes to me, urgent, as if my future depends on its answer.

When I was in Liberato, highschool with technical studies in Electronics, between 2008 and 2012, the future presented itself clearly: I would finish highschool, find a job in the technical area, work during the day and go to college during the night. The salary would be good, not awesome but more than enough to cover food and living expenses, some extra to buy books, etc. What would I be studying? Something technical, maybe an engineering, something envolving Mathematics but with good salary expectation.

That sounded perfect to me then. But now... I don't know.

I consider myself super lucky for not having to think about a job as if it was something to prevent me from starving. My parents always worked very hard so my family would never lack the necessary, and even though I have never had the best toys (or, later, the equivalent of best toys for the teenagers and young adults), our fruit basket was always full. So this text may sound to you as a spoiled child crying, so be it. One of the countless doubts I have now is if it is so much necessary that everybody accept suffering as an inevitable part of life.

I want to have a job that satisfies me as a human being. The idea of working/studying the whole year waiting for the vacation period, the whole week waiting for Friday, the whole day waiting for the time we go home... This idea depresses me. In the books of Isaac Asimov he very frequently talks about a future when science and technology frees people from boring jobs, so everybody have free time to spend doing stuff they really love. Is too soon to want something like that?

In my specific case, studying Computer Science, my fear is to become someone's employee, working in a project that does not inspires me at all, to get "higher" in the company and have money which I will not have the time to spend. Being able to buy books, but never relaxed enough to enjoy them.

I like to finish my posts with some sort of conclusion, and in the beginning of this one I expected to end up having some sort of insight during the process of writing, but miracles don't happen. And, in a post I started talking about not knowing stuff, nothig more coherent than finishing without conclusion.

Lucky ones those who know what the future has to them.

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Futuro

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Feliz ano novo, passageiros dessa espaçonave louca que eu batizei de Holandês Voador! Os eventos em terras batávias continuam na mesma linha: me fazem aprender um monte, me fazem reaprender um monte, e me mostram cada vez mais que o conjunto das coisas que eu sei é numerável, enquanto que o conjunto das dúvidas... esse é inumerável, e infinito em formas que fariam o conjunto dos números Reais sentir inveja!

Não tenho escrito tanto quanto eu imaginava que escreveria no início. A razão não é falta de assuntos, na verdade a pilha de assuntos sobre os quais eu gostaria de falar sempre cresce mais rápido do que a minha datilografia permite; a razão é que um assunto em particular tem tomado minha mente muito mais frequentemente do que os outros, e é sobre esse assunto que eu gostaria de falar agora.

O que é que você quer fazer da sua vida? Me desculpe se faço a pergunta assim, à queima roupa, mas não consegui pensar em nenhuma forma de amenizar o impacto. Até porque é assim que essa pergunta me surge sempre, urgente, como se meu futuro dependesse disso.

Quando eu estava no Liberato, entre 2008 e 2012, o futuro parecia bem claro: eu ia terminar o técnico, arrumar um emprego na área, trabalhar de dia e estudar de noite. O salário seria bom, não absurdamente alto mas mais do que suficiente para comer, viver, comprar livros e tal. O que eu estaria estudando? Algo técnico, alguma engenharia, alguma coisa que envolvesse Matemática mas que pagasse bem.

Isso soava perfeito para o meu eu da época. Mas hoje... Não sei.

Eu sou afortunado por não ter que pensar em um emprego como algo para me salvar da fome. Meus pais sempre trabalharam duro para que a minha família tivesse o necessário, e embora eu nunca pude ter os melhores brinquedos (ou, mais tarde, ir nos lugares mais badalados), nossa cesta de frutas estava (e ainda está! Crise financeira na nossa casa é marolinha) sempre cheia. Então esse texto talvez lhe soe como um choro de criança mimada, pois que seja. Uma das inúmeras dúvidas que eu tenho é se é tão necessário assim que todo mundo aceite o sofrimento como inevitável.

Eu quero ter um emprego que me satisfaça como ser humano. A ideia de trabalhar/estudar o ano todo esperando as férias, a semana inteira esperando a sexta-feira, o dia todo esperando o final do expediente... essa ideia me deprime. Nas histórias do Isaac Asimov frequentemente se fala de um futuro em que a ciência e a tecnologia libertou as pessoas de trabalhos entediantes, e todo mundo tem tempo livre para se dedicar às atividades que eles realmente amam. Seria muito cedo para querer algo assim?

No meu caso, especificamente, estudando Ciência da Computação o medo é virar empregado de alguém, trabalhando em algum projeto que não me inspira, para "subir na carreira" e ter dinheiro que eu não vou ter tempo para gastar. Poder comprar livros, mas nunca estar relaxado o suficiente para saboreá-los.

Eu gosto de terminar textos com alguma forma de conclusão, e no início do texto eu esperava acabar tendo algum insight no decorrer da escrita, mas milagres não acontecem. E, em um texto que comecei falando de dúvidas, nada mais coerente do que terminar sem uma conclusão.

Afortunados aqueles que sabem o que futuro lhes reserva.

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